Obesidade na gravidez


Excesso de peso e obesidade na gravidez: conheça os riscos!

Devido ao crescente sedentarismo e à modificação dos hábitos alimentares, a obesidade está se tornando num problema cada vez mais comum.

Segundo dados do governo Brasileiro, atualmente cerca de 48% das mulheres sofrem de excesso de peso e 18% sofrem de obesidade. Em Portugal o cenário é ainda pior, com uma taxa de 26,3% de obesidade entre a população do sexo feminino, segundo dados da OMS.

O que é obesidade?

De uma forma simples, a obesidade pode ser definida como um grande acúmulo de gordura corporal acompanhado de peso excessivo e um índice de massa corporal (IMC) superior a 30.

O que é obesidade?
Foto: Adobe Stock

O diagnóstico de obesidade pode por isso ser feito através do cálculo do IMC, que estabelece uma relação entre o peso (em quilos) e a altura (em metros):

IMC = peso / altura2

Com o valor obtido é em seguida consultada a seguinte tabela, que traduz os valores de IMC em classificações que vão da magreza extrema à obesidade extrema (ou mórbida):

<td”>Magreza grave

IMC Classificação
< 16
16 a < 17 Magreza moderada
17 a < 18,5 Magreza leve
18,5 a < 25 Saudável
25 a < 30 Sobrepeso
30 a < 35 Obesidade
35 a < 40 Obesidade severa
≥ 40 Obesidade mórbida

Porém, este tipo de diagnóstico não é adequado para pessoas com uma musculatura acima da média, pois o peso adicional do músculo poderá resultar em valores de IMC muito altos sem que a pessoa esteja realmente gorda.

O excesso de peso pode prejudicar a gestação?

Além dos problemas de saúde normalmente associados ao excesso de peso, como o risco cardiovascular e uma maior vulnerabilidade a certos tipos de câncer, a obesidade também afeta a saúde reprodutiva e o desenrolar da gravidez, estando associada a um decréscimo da fertilidade e ao aumento dos riscos de saúde durante a gestação.

De que forma a obesidade afeta a gravidez?

Quanto maior for o excesso de peso, maiores serão as chances de que ocorram problemas de saúde durante a gravidez,  pelo que é muito importante ter um índice de massa corporal o mais próximo possível do normal antes de engravidar.

Entre os riscos mais comuns para a mãe, estão:

  • Diabetes Gestacional – A diabetes gestacional é um dos problemas de saúde mais comuns associados à obesidade e caracteriza-se por uma capacidade diminuída do processamento da glicose, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue, com consequências negativas tanto para a mãe como para o bebê.
  • Aumento da pressão arterial – É um outro risco para as gestantes com excesso de peso e pode contribuir para o desenvolvimento de pré-eclampsia ou, em casos mais graves, síndrome HELLP.
  • Pré-eclampsia e síndrome HELLP (uma complicação da pré-eclampsia) – São duas condições graves, acompanhadas de hipertensão, que podem resultar em falha renal, constituindo um sério risco para a saúde da gestante e do bebê.
  • Aumento das chances de trombose venosa – Como o excesso de peso associado às alterações hormonais da gravidez aumenta também a chance de formação de coágulos que podem levar ao bloqueio das veias (trombose), uma condição grave e potencialmente fatal se não for devidamente tratada.
  • Aumento das chances de parto assistido ou cesariana – É comum que as mulheres com peso excessivo necessitem de algum tipo de assistência na hora do parto, sendo frequente o recurso a fórceps ou ventosa e, em casos mais complicados, à cesariana.
  • Aumento do tempo de recuperação – Devido à maior possibilidade de complicações, as mulheres obesas poderão estar sujeitas a estadias mais prolongadas no hospital e períodos mais longos de recuperação, devido a sequelas da gravidez e intervenções médicas.

Potenciais riscos para o bebê:

  • Macrossomia – Quando a mãe é obesa, o risco do bebê nascer com peso a mais aumenta consideravelmente. Nestes casos, devido ao tamanho do bebê, aumentam também as chances de cesariana.
  • Obesidade infantil – Está particularmente associada à macrossomia, havendo um risco maior de desenvolvimento de obesidade em crianças que tenham nascido com um peso acima do normal.
  • Diabetes e problemas cardíacos – As crianças filhas de mães obesas tem um maior risco de desenvolver este tipo de doenças na infância e vida adulta.
  • Malformações congênitas – Existe um aumento do risco de malformações do tubo neural em bebês cuja mãe é obesa.

Qual a melhor forma de evitar complicações?

Idealmente, deve haver um planejamento da gravidez de forma a que a futura mãe perca peso, tentando atingir um índice de massa corporal mais próximo do normal, antes de engravidar.

Dessa forma, o peso ganho durante a gravidez não contribuirá para agravar o problema, sendo antes uma consequência normal da gestação.

No entanto, nem sempre é fácil perder peso e é normal que uma mulher com história de sobrepeso ou obesidade inicie a gravidez sem ter perdido o peso necessário. Nesses casos, a solução está na adoção de uma dieta equilibrada, acompanhada de exercício moderado, de forma a contrariar os riscos inerentes ao peso excessivo e evitar que esta ganhe demasiado peso.

Uma alimentação equilibrada ajuda a minimizar o risco de ganho de peso durante a gravidez

Dieta equilibrada
Foto: Adobe Stock

Convém lembrar que é indispensável falar com o seu médico antes de modificar a sua dieta, pois esta deve ser adequada às suas necessidades e ter em conta o seu peso.
No entanto, existem algumas recomendações gerais que poderão dar uma ideia do caminho a seguir para uma alimentação mais equilibrada durante a gravidez:

  • Evite o excesso de gordura na confecção das refeições.
  • Evite alimentos processados, com alto teor de açúcares como é o caso de algumas refeições pré-cozinhadas e certos tipos de fast-food.
  • Evite farinhas refinadas, presentes em doces e massas não-integrais, pois este tipo de alimentos contribui para a desregulação dos níveis de glicose e acúmulo de gordura.
  • Evite os doces e refrigerantes, substituindo-os por alternativas saudáveis como a fruta e a água.
  • Procure também aumentar o consumo de vegetais e outros alimentos ricos em fibras, como massas integrais.
  • No que toca à carne, prefira carnes magras como frango ou peru e aumente o seu consumo de peixe evitando, no entanto, peixes com alto teor de mercúrio como o peixe-espada ou a garoupa.

Porém, essa dieta não deve ter como objetivo a perda de peso, pois isso não é de todo desejável durante a gravidez, uma vez que pode causar desequilíbrios nutricionais, e em vez de ajudar a melhorar a saúde, poderá prejudicar o desenvolvimento do bebê.

Se a mãe for obesa a gravidez é mais arriscada?

Embora esse artigo alerte para as implicações da obesidade na gravidez, isso não quer dizer que toda a mãe com excesso de peso vá ter uma gravidez problemática.

Se houver um bom seguimento médico, acompanhado de mudanças no estilo de vida como uma boa alimentação e um pouco de exercício, as chances de que algo corra mal durante a gravidez são diminutas, mas é importante conhecer os riscos, de forma a minimizá-los.

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