Guia da Grávida

Parto em casa: uma alternativa segura?

Parto domiciliário: conheça as vantagens e os riscos

O parto domiciliário não é algo novo, mas caiu progressivamente em desuso durante o século XX com a evolução dos sistemas públicos de saúde e o aumento do número de hospitais e maternidades.

No entanto, nos últimos anos assistimos ao ressurgir dessa prática, motivada pelo crescimento dos movimentos cívicos que defendem uma maior humanização do parto e um papel mais ativo da mulher na escolha do local e condições em que quer dar à luz.

Porém esse tema suscita acesa controvérsia entre os que defendem o parto num ambiente confortável e familiar e os que privilegiam a segurança encontrada nos meios hospitalares.

Parto domiciliário: uma alternativa ao parto hospitalar

Embora a escolha de ter o bebê em casa possa trazer vantagens em termos de conforto para os pais e bebê, também é verdade que, no caso de se tratar do primeiro parto, o risco para o bebê aumenta ligeiramente em relação ao parto hospitalar.

Segundo dados do Reino Unido, onde o parto domiciliário é legal, a taxa de risco num primeiro parto domiciliário é de 9 em cada 1000 contra 5 em cada 1000, no parto hospitalar.

Em termos absolutos isto representa um aumento do risco de morte ou problemas graves para quase o dobro, mas estamos a falar de números bastante reduzidos, abaixo de 1%.

Embora se trate de uma diferença relativamente pequena, convém lembrar que se trata de um país cujo sistema de saúde contempla a possibilidade de parto domiciliário e em que existem mecanismos de encaminhamento hospitalar em caso de complicações. Em países cujo sistema de saúde não está preparado, os riscos para o bebê serão potencialmente mais altos.

No entanto, a partir do segundo parto os riscos serão, em princípio, os mesmos do que num hospital ou numa casa de parto, desde que o parto seja acompanhado por uma enfermeira obstetra devidamente credenciada ou por um médico.

O parto em casa é um tema controverso

Porém, apesar de ser considerado em vários países como uma alternativa adequada para gestações de baixo risco, o parto domiciliário não é visto com bons olhos pelas comunidades médicas Portuguesa e Brasileira, havendo diversos pareceres em ambos os países que desaconselham a sua prática.

Se por um lado temos uma posição conservadora por parte da comunidade médica, por outro temos também sistemas de saúde públicos que não estão devidamente preparados para o encaminhamento de partos domiciliários em caso de necessidade, o que resulta num impasse.

Para que as políticas de saúde pública mudem é necessário que a comunidade médica contribua, mas também será necessário que essa mesma comunidade sinta que os sistemas de saúde oferecem toda a segurança antes de alterarem a sua posição em relação ao parto domiciliário.

Além disso, no caso de Portugal, será também necessário que ocorram alterações legislativas de forma a proteger os profissionais de saúde que realizam partos domiciliários ou pelo menos permitir a existência de casas de parto, algo que já acontece no Brasil.

Não será certamente fácil conciliar as posições da comunidade médica com as de quem defende uma maior humanização do parto, mas a procura desse tipo de soluções tem aumentado nos últimos anos e é cada vez maior o número de países que já contemplam na sua legislação essas alternativas.

Parto domiciliário: uma questão de escolha?

É um direito dos pais escolher como e onde pretendem que o bebê nasça, desde que isso não ponha em causa a saúde do bebê ou da mãe.

Porém, esse direito deve ser ponderado tendo em conta algumas questões fundamentais:

Se estas condições estiverem reunidas, não existirão em princípio objeções a que o parto seja realizado em casa, mas convém lembrar que a análise destas condições deve ser feita de uma forma honesta e realista, pois a diferença entre aquilo que desejamos e a realidade é, por vezes, bastante grande.

Realçamos no entanto, que esta escolha apenas é viável nos países em que o parto domiciliário é legal, pois caso contrário o médico ou enfermeiro obstetra que se disponha a realizar o parto poderá ser processado ou multado.

Riscos e benefícios do parto domiciliário

Vantagens do parto domiciliário

Nos casos de gravidez de baixo risco, o parto domiciliário apresenta diversas vantagens, quando comparado com o parto em ambiente hospitalar:

Porém nem tudo são vantagens e há que ter em conta alguns inconvenientes.

Desvantagens e riscos do parto domiciliário

Para tomar uma decisão informada é necessário também conhecer o lado menos positivo da questão, pois o parto domiciliário apresenta algumas desvantagens que não devem ser ignoradas:

Em resumo:

O parto domiciliário é uma alternativa ao parto hospitalar no caso de se tratar de uma gravidez de baixo risco.

Porém a comunidade médica encontra-se dividida em relação aos seus benefícios, havendo países em que a prática é legal e enquadrada no sistema nacional de saúde, como é o caso da Inglaterra, e outros como Portugal em que essa prática é ilegal.

No entanto, existem também posições intermédias, como é o caso do Brasil, em que a prática do parto domiciliário tem vindo a granjear algum apoio legal e existe a alternativa da realização de partos em casas de parto, que são unidades especializadas em obstetrícia e cuidados maternos.

A decisão de optar pelo parto domiciliário não deve ser tomada de ânimo leve, devendo ser ponderados todos os riscos que essa decisão acarreta, tanto no plano legal como em termos de saúde.

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